Aniello Fusco casou-se com Giuseppina Shiavone aos 31 de janeiro de 1834, na Catedral São João Batista, Angri, Itália. O jovem casal esperou por um bom tempo para que sua união se tornasse fecunda com a bênção de Deus, como disse “crescei e multiplicai-vos” e com o augúrio regional “felicidades e filhos varões”!
Como Santa Isabel, mãe de São João Batista (Lucas 1, 25), também Giuseppina pedia ao Senhor que olhasse para ela, libertando-a da vergonha entre os homens, por não ter filhos.
Passados quatro anos, o casal fusco decidiu ir em peregrinação à vizinha cidade de Pagani e implorar a intercessão de Santo Afonso Maria de Ligório, Fundador dos Padres Redentoristas. Lá encontraram um Redentorista Francisco Pecorelli, que, após ouvir a angústia do casal fez a seguinte profecia: “tereis um filho varão e chamá-lo-eis Afonso. Será sacerdote e repetirá a vida de Santo Afonso”.
No dia 23 de março de 1839 concretizou-se a profecia do Padre Redentorista. Nasceu o tão suspirado menino. Foi batizado no mesmo dia, na Catedral São João Batista e recebeu o nome de Afonso, contrariamente à rigorosa tradição, que impunha dar
Apenas começou a falar foram-lhe ensinadas as primeiras orações e, foi assim que em breve tempo, podia em família, participar da recitação do terço, depois da ceia.
A mãe Giuseppina inculcou no menino a devoção a Nossa Senhora das Dores, cuja imagem era tida em grande honra na casa Fusco. Esta imagem acompanhará o Padre Afonso por toda a sua vida.
Afonso foi crescendo e chegou à idade escolar e tiveram que pensar na instrução primária, para a qual não havia escolas públicas. Por este motivo confiaram a educação do menino a sacerdotes de boa cultura e santa vida. Ele crescia saudável e tranqüilo. Giuseppina vendo Afonso tão dócil e bom, dizia muitas vezes: “Senhor, eu te pedi um filho e tu me deste um anjo”.
Em tenra idade Afonso experimentou a realidade brutal dos acontecimentos sociais e políticos. As guerras civis causavam muita pobreza. Ele estava atento aos sofrimentos que seus conterrâneos pobres sofriam. Certo dia saindo do quarto com lençóis, a mãe o advertiu que não era dia de lavar roupas. Ele disse: “mamãe, estes lençóis são para o Vicentinho, que vive na rua. Ele está com febre e sente muito frio”. A mãe ficou comovida. Num coração bom a caridade nasce rapidamente e a graça não conhece idade.
Afonso entrou no Seminário de sua Diocese com onze anos. Era estudioso e amigo dos colegas. Após tantos obstáculos, mudanças, intempéries, na espera da Ordenação Diaconal, no último momento, o nome dele não se encontrava na lista dos ordenandos. Na casa da família Fusco a festa já estava carinhosamente preparada.
Lágrimas foram derramadas, todavia Afonso estava disposto a fazer a vontade de Deus. As ordenações aconteciam em Nápoles. No dia marcado Afonso foi a Nápoles para participar da cerimônia em comunhão com seus colegas. Afonso encontrava-se na Igreja, rezava o Rosário e chorava, o Bispo o viu e o chamou. Quando percebeu o engano, mandou-o vestir-se para ser ordenado diácono, em nome de Maria e foi ordenado.
Em 29 de maio de 1863, Afonso foi ordenado sacerdote.
Treze anos de seminário tinham dado ao Fusco, plena compreensão do sacerdócio e não nos parece exagerado pensar que as numerosas obras de Santo Afonso de Ligório sobre o ministério sacerdotal, lhe foram preciosa ajuda, até ao fim de sua vida sacerdotal.
Afonso contava que quando era ainda seminarista havia sonhado com Jesus de Nazaré que lhe disse: “Afonso, tu deves fundar um Instituto de Irmãs, que chamarás do Nazareno e, um orfanato feminino e masculino. O terreno está pronto. Só tens que construir. Logo que sejas sacerdote deves ocupar-te disto”.
No dia 26 de setembro de 1878, correspondendo a este forte apelo interior e confiando na Divina Providência, fundou a Congregação das Irmãs de São João Batista para a evangelização, educação e promoção das crianças e jovens, sobretudo pobres, carentes e em situação de risco.
Faleceu serenamente em Angri no dia 06 de fevereiro de 1910, deixando grande fama de santidade. Aos 07 de outubro de 2001, o Papa São João Paulo II o proclamou Beato.
A sua canonização aconteceu em Roma, no dia 16 de outubro de 2016, sendo proclamado Santo pelo Papa Francisco.
1) “O Instituto não é obra minha. Eu sou o servo do Senhor. A obra não a quis eu, mas Ele me ordenou, ele pensará em tudo”
2) Devo trabalhar para a glória de Deus; quero recolher, debaixo da proteção divina, tantas meninas e meninos abandonados.
3) (Indo pregar com seus coirmãos missionários, que temiam enfrentar uma situação difícil), disse:
Que haveremos de temer? Somos os apóstolos do Senhor e devemos estar prontos a dar o sangue e a vida pela nossa fé.
4) (Nos primeiros anos da fundação).
Meu Deus, sou muito pobre; queria fazer tanto pelos órfãos; entretanto não recuarei. Trabalharei. Vós cuidareis do resto.
5) (Às Irmãs): Minhas filhas, o Instituto não é obra minha, mas de Deus, porque eu não seria capaz de tanto.
6) As obras de Deus sofrem oposição: Deve-se confiar só em Deus e repetir com São Paulo: «Omnia possum in Eo qui me confortat». (Tudo posso naquele que me conforta).
7) Confiai em Deus, esperai firmemente na sua Providência e não vos faltará o necessário. Oh! não disse Jesus: «Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e o resto vos será dado!». Jesus Cristo é fiel!
8) Quando se ama de verdade a Deus, se enfrenta todas as dificuldades, todas as lutas, até o supremo holocausto.
9) Amemos tanto a Deus, porque Ele nos amou a ponto de dar-se todo por nós.
10) Não confiemos nas próprias forças, o nosso mérito é Jesus Cristo, que nos abriu as portas do céu.
11) Preocupemo-nos em fazer o bem. Deus pensará em nós. Jesus escreveu-nos em suas mãos, poderá esquecer-nos?
12) É preciso correr, minhas filhas, correr muito, quero dizer, fazer sempre e ligeiro as boas obras, para receber o prêmio no paraíso.
13) A Virgem Maria me acorrentou e eu sou seu prisioneiro.
14) Minhas filhas, vós conheceis a Virgem Santíssima! Ela não só é nosso modelo e nossa protetora, mas é também nossa Mãe. Recorrei a ela em todas as necessidades.
15) Mãe Imaculada, peço-te de assistir-me naqueles momentos em que a mente fascinada pelas coisas terrenas, não pensa em ti, querida, amável, santa Maria.
16) Amai a Mãe Celestial, amai-a muito, a ela recorrei nas vossas necessidades e nas tentações.
17) Ide à Nossa Senhora, e pedi a esta Mãe Celestial o amor a Jesus.
18) Maria, Rainha dos Mártires, Virgem das Dores, tu és minha Mãe, por isso eu te amo e quero que todos vos amem.
19) Às crianças falai amiúde de Jesus e de Maria, fazei com que elas fiquem presos no amor por Eles.
20) Quem ama a Jesus está sempre feliz.
21) Bem-aventurado quem ama Jesus e Maria.
22) Só pelos méritos de Jesus Cristo devemos esperar a vida eterna.
23) Só em Deus devemos por a nossa confiança, em Deus só. Ele conhece as nossas necessidades.
24) O que vocês pensam ter vindo fazer no Instituto? Talvez formar uma família qualquer? Não. Vocês vieram formar uma família de santas. É esta a finalidade da nossa vida: santificar-nos!
25) Amai a vossa vocação e pede a São José que a fortifique cada vez mais.
26) Se vos amais, Deus estará no meio de vós porque onde está o amor, aí está Deus.
27) Amai, minhas filhas, amai o Amor. Deus é amor. Bem-aventurado que ama a Deus.
28) Deus na sua bondade nos concede anos, toda uma vida para o nosso uso; nós não daremos a Ele generosamente meia hora para cantar e celebrar menos indignamente seus louvores?
29) Aceito, tudo, ó Senhor, e se me for necessário outra prova, eis-me pronto! Seja feita sempre a Divina Vontade!
30) É necessário ter grande confiança na divina Providência.
31) O Senhor ajuda quando com grande confiança Nele, se empreendem obras de bem.
32) Ide a Jesus, dai-lhe todo o vosso coração, e dizei-lhe que O amais muito.
33) “Se eu tiver a graça de chegar ao paraíso, não vos esquecerei e rezarei por vós sempre por vós” (Testamento do A.M.F.)
34) “Aprendamos ainda mais uma vez, que se queisermos ser queridos e aceitos por Deus, devemos amar o próximo e não fazer aos outros o que não faríamos a nós. Se todos seguissem estas normas, não haveria discóridas nas famílias e na sociedade, mas em toda parte reinaria a paz e a tranquilidade. A terra seria um paraíso antecipado”.
35) “Maria é a nossa mãe amorosa e como tal não pode deixar de amar-nos. Foi-nos dada por mãe, sob os cumes do gólgota, quando Jesus se dirigiu a Maria. Na pessoa de João nos deixou todos por filhos, quando disse: “Mulher, eis teu filho”. Depois disse a João: “Eis a tua mãe”.
36) “A vida inteira de Maria é um contínuo silêncio.”
37) “A Virgem Maria com um “FIAT” dito ao Arcanjo Gabriel, acolheu em seu seio o Homem-Deus. Eis a grande glória de Maria, glória que formará sempre o assombro e a maravilha dos homens, dos anjos e dos séculos”.
Na cidade de Kitwe, Zâmbia, África, o Senhor quis, por intercessão do sacerdote Afonso Maria Fusco, cidadão de Angri, Itália e fundador da Congregação das Irmãs de São João Batista, mostrar a Sua onipotência misericordiosa, curando o menino, Gershom de 04 anos de idade.
GERSHOM CHIZUMA nasceu em Mumbwa, Zâmbia, África, aos 19 de maio de 1994, filho de Terenzio Chizuma, de 28 anos e Martina Chizuma, de 24 anos de idade.
Gershom era um menino saudável e travesso. Aos 18 de janeiro de 1998, ficou doente, com febre muito alta, sofrendo continuas convulsões.
Seus Pais o levaram ao ambulatório no campo “Canfinsa”, onde Kenneth Ngosa, enfermeira responsável da estrutura sanitária diagnosticou que o menino estava infectado de malária clínica e já lhe aplicou uma injeção de cloroquina. Depois de uma leve melhora o menino piorou de tal forma que foi necessário interná-lo no Hospital Central de Kitwe. No dia 21 de janeiro de 1998, o casal Chizuma, decidiu transferi-lo para a repartição pediátrica Machili, ala pagante do mesmo Hospital. Ali foi visitado por vários médicos. Um deles, o Dr. Marsyano Jada Muludyang, responsável da repartição pediátrica, depois de exames de laboratório, declarou que Gershom estava em coma profundo, de terceiro grau. O menino foi internado com o seguinte diagnóstico: malária cerebral, septicemia, pneumonia, hemorragia e outros sintomas graves, sem esperança de cura. O menino poderia ser afetado com edemas cerebrais, rigidez dos músculos, deficiência intelectual, neurite periférica, defeitos na audição, visão e fala. Estava completamente desenganado pela equipe médica.
No dia 02 de fevereiro de 1998, Irmã Lívia Caserio, italiana, religiosa da Congregação das Irmãs de São João Batista, fundada por Padre Afonso Maria Fusco, missionária na Zâmbia, visitando a criança pensou em pedir a intercessão do Padre pela saúde da criança. Entregou a oração à mãe do pequeno, sugerindo-lhe rezar, recomendando o filho a Deus por intercessão do Padre Afonso Maria Fusco. Rezou com ela. (A mãe de Gershom declarou no depoimento, que, quando Irmã Lívia lhe pediu para rezar com fé ao Padre Afonso para obter a cura do menino, ela que pertence à Igreja Adventista do Sétimo Dia, não se sentia de rezar invocando o Padre. Mas pensou: “para salvar meu filho faço qualquer coisa”). E então rezou com Irmã Lívia e com sua mãe, a avó do Gershom, que era católica.
No dia seguinte de manhã, por volta das 06 horas, enquanto ela rezava, viu seu filho se mexer, abriu os olhos e chamou: “mamãe”. Ela ficou espantada e não sabia o que dizer. Depois disse para si mesma: “isso é um milagre”. Reparei a mudança rápida e fiquei muito surpresa”. Aquela oração foi realmente eficaz! Eu chorava quase todos os dias, chorava porque o meu menino estava morrendo”.
O médico acompanhante encontrou Gershom curado. Todos os exames feitos em seguida deram resultado negativo.
Gershom permaneceu no hospital, em observação nos dias: 3, 4 e 5. E recebeu alta no dia 6 de fevereiro de 1998, aniversário do nascimento ao céu do Pe. Afonso Maria Fusco, acontecido em Angri, Itália, em 1910.
Todos os médicos afirmaram que a cura não tinha explicação em nível científico e que foi: improvisa, completa e duradoura.
A validade jurídica do milagre foi reconhecida pela Congregação para a Causa dos Santos com Decreto de 24 de setembro de 1999. O Decreto do milagre, com aprovação e decisão de Sua Santidade o Papa João Paulo II, foi promulgado e unido aos Atos da mesma Congregação a 1º de julho de 2002.
Irmã Immacolata Maria Vicidomini, csjb.
Postuladora
Belo Horizonte, agosto de 2016